Vertigo: Além do Limiar


Pio Xii



Nome: Eugenio Pacelli
Licenciador: Personagem Real


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Ele foi leito papa em 1939, mesmo ano em que a Segunda Guerra Mundial eclodiu e até hoje se discute seu papel no conflito. Teria sido omisso? Cúmplice? Poderia o papa ter evitado o Holocausto? Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, o papa Pio XII [1876-1958], acusado por líderes de organizações judaicas e famílias de sobreviventes do Holocausto de omissão diante das atrocidades nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, foi defendido pelo Vaticano.

Seu silêncio teria “evitado o pior”. Tal controvérsia, porém, causou surpresa para muitos judeus que viveram durante o conflito. Albert Einstein [1879-1955], um refugiado do nazismo, e a ex-primeira-ministra israelense Golda Meir [1898-1978], por exemplo, expressaram publicamente sua gratidão ao Santo Padre por salvar judeus do genocídio. A polêmica só ganhou força em 1963, com a peça de teatro O Vigário, do protestante alemão Rolf Hochhuth. Nela, Pacelli era retratado como um sujeito calculista e sem moral, o qual ignorou o sofrimento dos judeus em nome de interesses próprios.

É uma obra de ficção, muito embora ancorada em ampla pesquisa do autor. Até que ponto ela teria algo de verdade? A pergunta ainda hoje instiga os historiadores. Vários livros foram lançados, com diferentes interpretações sobre a conduta do pontífice antes e durante o regime nazista. Em geral, eles podem ser divididos entre os prós e os contras a respeito das ações de Pio XII. Uns o acusam de ser cúmplice do Holocausto, enquanto outros garantem que ele atuou nos bastidores para salvar quantas pessoas pôde.

Outro trunfo de Pacelli era um doutorado sobre as concordatas, nome dado aos tratados que a Santa Sé usava para regular suas relações com os Estados. Por exemplo, para garantir o direito da Igreja de controlar escolas religiosas ou celebrar casamentos. O Brasil já chegou a assinar um acordo desse tipo com o Vaticano, o qual gerou críticas de entidades contrárias ao ensino religioso em escolas públicas e a outros privilégios de caráter não-laico.

Muito antes de se tornar líder máximo dos católicos, Pacelli estava convencido de que a Igreja só permaneceria unida no mundo moderno com o fortalecimento da autoridade dos papas. Na década de 1920 – quando era embaixador do Vaticano na Baviera –, ele tinha assinado esses acordos com a Rússia, a Letônia e a Polônia. Em 1933, já secretário de Estado do Vaticano, ele via no Tratado de Latrão o modelo perfeito para seu maior objetivo: uma concordata com a Alemanha, onde viviam cerca de 23 milhões de católicos.

O único problema era o chanceler Adolf Hitler [1889-1945]. “Pacelli e Hitler nutriam um desprezo mútuo. Cada um se sentia ameaçado pelo potencial do outro de exercer poder mundialmente”, escreve o jornalista americano Dan Kurzman no livro Conspiração contra o Vaticano. "Apesar da desconfiança, os dois viram vantagens - pelo menos temporárias - em frear o conflito com a assinatura de uma concordata em 1933”. O acordo tornou todos os alemães sujeitos às leis canônicas e acabou com o Partido do Centro Católico, a única agremiação democrática que ainda restava no país. Até aqui, não há grandes dúvidas a respeito do religioso.

Os historiadores começam a se dividir a partir do momento em que o cardeal se tornou papa, em 1939. Afinal, ele foi omisso ou discreto durante o Holocausto? Segundo o jornalista britânico John Cornwell, o italiano não foi apenas omisso; ele ajudou o Führer: “Como disse Hitler, em uma reunião ministerial de 14 de julho de 1933, a garantia de não intervenção de Pacelli deixava o regime livre para resolver a questão judaica”. Isso não significa que Pacelli simpatizasse com o Partido Nazista. Ao contrário: não apoiava sua plataforma racista e via nele uma ameaça à religião.

“Mas o temor ao nazismo era ofuscado por um medo ainda maior de Pacelli, o comunismo”, diz o historiador Michael Phayer, da Universidade de Marquette, nos Estados Unidos. Foi com essa mesma lógica antimarxista que a Igreja apoiou ditadores como Benito Mussolini [1883-1945], na Itália, e Francisco Franco [1892-1975], na Espanha. Valia tudo para conter o "perigo vermelho". Até mesmo fazer um pacto com o diabo. Pacelli foi o 60º papa da Igreja Católica. Ele morreu em nove de outubro de 1958, aos 82 anos.

FONTE: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/pio-xii-bendito-ou-maldito.phtml

Pio Xii



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  • Antônio Luiz Ribeiro
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    Antônio Luiz Ribeiro
    em 30/01/2011 14:01:00