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Stan Lynde



23 de setembro de 1931


O Oeste americano com suas planícies, montanhas e vastidão a perder de vista sempre propiciou um amplo chamamento visual a qualquer mídia. Nas HQs, por exemplo, o aproveitamento visório dos temas do “far-West” ultrapassou as próprias fronteiras americanas. Mas, curiosamente, nos Estados Unidos, não foram muitos os desenhistas que realmente souberam interpretar com autenticidade o Oeste. Muitos trabalharam no gênero, porém três nomes merecem um destaque todo especial pela veracidade de suas imagens — Warren Tufts, Fred Harman e... Stan Lynde.

Stan Lynde?! Quem é esse Stan Lynde? Infelizmente, para a maioria dos leitores brasileiros esse nome é totalmente desconhecido. E sua obra, lamentavelmente, sempre esteve ausente de nossas publicações.

Stan Lynde nasceu na fazenda de seu pai, no estado de Montana, e lá foi criado entre planícies e montanhas, aprendendo a amar o Oeste e toda a sua significação mitológica. Após cursar a universidade, Lynde entrou para a Marinha, onde chegou a realizar uma HQ chamada “Ty Foon” para o jornal da base. Era ainda um trabalho de principiante, fraco, mas já demonstrando sua aptidão para o desenho. Em 1955 Lynde deixou a Marinha e foi tentar trabalho em algum jornal. No ano seguinte estava em Nova York, trabalhando como datilógrafo para o “Wall Street Journal”.

Stan Lynde desgostava de seu trabalho e sonhava com uma prancha de desenho, desejando criar nela uma obra pessoal, onde pudesse depositar suas verdadeiras aspirações. Assim, partiu decidido para a criação de uma HQ. De início, só encontrou decepções, pois não conseguiu vender seu trabalho a nenhum dos distribuidores que procurou, até que, finalmente, o Chicago Tribune aceitou sua obra e a lançou em diversos jornais americanos. Seu título era “Rick O'Shay”, e fez sua estréia como página dominical em cores no dia 27 de abril de 1958, com as tiras diárias (em preto e branco) sendo lançadas pouco depois, em 19 de maio.

“Rick O'Shay” era um western de concepção bastante original. O Tribune queria uma historieta humorística, com tons caricatos. Não foi difícil atender o pedido, pois Lynde, embora fosse um conhecedor do autêntico Oeste americano, também tinha um apurado senso de humor. Dessa forma elaborou sua obra levando ao Oeste uma comicidade inteligente, contida e carregada de conotações típicas à região. Não seria exagero comparar seu humor ao de Mark Twain. O cenário da HQ era a cidade de Conniption, onde “Rick” é xerife, e seus arredores. Lynde manobrou admiravelmente suas personagens em situações onde misturava o humor com assuntos mais sérios.

Logo que “Rick O'Shay” se firmou nos jornais e a situação lhe permitiu, Lynde fez as malas e voltou definitivamente para Montana, a fim de viver no campo, em contato direto com as planícies e as montanhas, um cenário que sempre permaneceu bem vivo na mente e na sua obra. E foi desse cenário autêntico que ele produziu os melhores anos de “Rick O'Shay”.

Lynde abandou a HQ em 7 de maio de 1977, após divergências com o Tribune. Após esse episódio, Lynde ficou um pouco desgostoso com as HQs e começou a se dedicar a outras atividades, como a ilustração, a pintura e artigos em revistas. A saída de Lynde em “Rick O'Shay” não passou desapercebida. O desenhista recebeu várias cartas lamentando sua decisão, inclusive uma de Charlton Heston, que se confessava grande admirador. Livre da pressão daquele horário rígido de trabalho, Lynde pode então relaxar um pouco, cavalgando, pintando e dedicando-se à família. Mas o sangue de desenhista de HQs corria em suas veias e, quando o distribuidor Field Newspaper o consultou sobre a criação de um novo western, ele não pensou duas vezes. Pôs-se logo a trabalhar. “Latigo” fez sua estréia nos jornais em 25 de junho de 1979. E lá estava o mesmo Lynde de sempre — correto como desenhista, elegante na prosa, inteligente nos roteiros.

(de um texto de Luiz Antônio Sampaio, adaptado por Antônio Luiz Ribeiro)



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  • Antônio Luiz Ribeiro
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    Antônio Luiz Ribeiro
    em 19/10/2008 19:32:00
    Editado por Antônio Luiz Ribeiro