Vertigo: Além do Limiar


Carlos Lenoir - ‘Gil’



País de nascimento: Brasil
1878
12 de janeiro de 1906

Lista de revistas com trabalhos de Carlos Lenoir - ‘Gil’
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Nascido no Rio de Janeiro, filho de franceses, com uma brevíssima carreira entre 1903 e 1906, o boêmio desenhista Gil foi capaz de captar - em sua curta existência - um pouco da vida cotidiana e intelectual de sua época.

Funcionário numa repartição pública, tinha como colega Santos Maia, que fazia algumas colaborações em periódicos como O Malho e O Avança. Certo dia, Gil mostrou seus desenhos a seu amigo, que adorou de primeira, e exibiu para os companheiros de imprensa. O trabalho era tão brilhante que Crispim do Amaral, que iria fundar com seu grupo de jornalistas e caricaturistas um semanário de nome A Avenida, convidou Gil para ser seu redator artístico.

Segundo Antônio Cícero, "seu traço leve e rápido bem o denotava, ora, em linhas calmas, simples, quase retas, ora, quando, no mais alto da ideia, no mais belo da concepção, num nervosismo extremo, retalhava a figura em riscos ásperos, fugidios, cortantes, que reproduziam todo o lado ridículo, toda uma engraçada feição do caricaturado".

Assim, em 1903, publica em O Avenida seu grupo de caricaturas e também seu trabalho mais notável, "Os promptos". Tinha esse nome pois os desenhos eram do próprio acervo do artista, e já vieram prontos para a redação d'O Avenida, servindo para ilustrar sonetos de Bastos Tigre. Diz o site da FUNAG (Fundação Alexandre de Gusmão), que essa série de caricaturas têm origem nas "rodas da boemia intelectual da Confeitaria Colombo". Foi nesse ano que Carlos Lenoir adotou o apelido de Gil.

Trabalhou intensamente após esse período, participando com sua arte n'O Tagarela, O Theatro, A Comédia, O Malho, Gazeta de Noticias e Figuras e Figurões. Em 1905, além de todo o trabalho que já o sobrecarregava, teve espaço para ainda ajudar a fundar o semanário infantil O Tico-Tico.

Segundo a revista O Malho, Gil era de "educação esmeradíssima, conquistava facilmente a estima de quantos se lhe aproximavam". Mas infelizmente seu carisma não lhe garantiu boa saúde, e a tuberculose o debilitou, fazendo-o falecer em 1906, ainda antes de completar 30 anos.

Escreveu o jornal A Noite : "Espírito rebelde, o Gil, que sonhava a criação de um jornal onde o artista pudesse livremente, sem peias, vergastar a sociedade defeituosa...". Tal qual os artistas de seu tempo, como o ainda ativo Ângelo Agostini, K.lixto, J.Carlos (que ainda engatinhava nas artes), Yantok, Leônidas Freire, e tantos outros, Gil vivia num Rio de Janeiro de intensa criatividade no mundo das artes gráficas, o que o possibilitou, mesmo com seu trabalho não muito extenso, deixar sua marca na história da caricatura do Brasil.

Por Erico Molero.


Bibliografia

A NOITE. RJ, 14 de janeiro de 1916, No. 1.460.

GILL, Rubem. "Gil". In Dom Casmurro, RJ, 1 de maio de 1943, No. 299.

O MALHO. RJ, 20 de janeiro de 1906.

http://www.funag.gov.br/chdd

http://memoria.bn.br/

Foto: Revista da Semana 299, 4 de fevereiro de 1906.


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