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Guillermo Divito



País de nascimento: Argentina
16 de julho de 1914
5 de julho de 1969

Lista de revistas com trabalhos de Guillermo Divito
Veja lista detalhada dos trabalhos


José Antonio Guillermo Divito encarnou, nas décadas de 1940 a 1960, o arquétipo argentino do bon vivant. Nascido em Buenos Aires, vindo de uma família pudica e tradicional, este ilustrador, quadrinista, cartunista, caricaturista e editor é considerado uma lenda dos quadrinhos argentinos, tanto pelas características das criações como pela sua vida, sempre associada aos prazeres mundanos.

Em 1931, sem completar os seus estudos no colégio Champagnat de Luján, onde foi matriculado pelo seu pai, um médico de prestígio, Divito publicou seu primeiro trabalho na revista “Páginas de Columba”, fortemente influenciado pelo caricaturista Alberto Iribarren, que considerava o seu mestre. Depois da sua estreia precoce, seguiram-se colaborações nas revistas “Sintonía”, “El Hogar”, “Semana Gráfica”, “Crítica” e “Patoruzú”. Foi nesta última publicação, dirigida por Dante Quinterno (1909-2003), que Divito começou a delinear o seu estilo pessoal, que refletiu-se em séries como “Oscar diente de leche”, “Enemigo del hombre” e “De tal palo, tal astilla”. Já nos anos 1940, e afiançado como desenhista, surgiram dois dos seus melhores personagens: “El Dr. Merengue” e “Bómbolo”.

O primeiro, publicado inicialmente na revista “El Hogar”, constituía um exercício psicanalítico exemplar, de acordo com os postulados de Freud, já que o lápis de Divito desnudava a personalidade oculta do comedido, recatado e até reprimido doutor, dando à luz esse individuo ruim e libidinoso que era o seu “outro eu”.

“Bómbolo”, que por sua vez aparecia no jornal “La Prensa”, simbolizava o contrário: o tipo ingênuo, bonachão e crédulo que os portenhos de então qualificavam claramente como um “gil” (tolo). Mas foram as suas célebres “chicas” (garotas) que deram voo próprio à criatividade — e consequente prosperidade — de Guillermo Divito.

Começou a desenhá-las em “Patoruzú”, até que Dante Quinterno teve a má ideia de questionar o tamanho reduzido das suas roupas. Divito, antes que claudicasse nas suas convicções estéticas, decidiu tentar a publicação da sua própria revista e assim, em 1944, nasceu “Rico Tipo”, uma revista que chegou a vender 350.000 exemplares por semana, consagrando as “chicas de Divito” como o arquétipo da beleza feminina.

Poucas criações tiveram na história do cartunismo argentino uma influência tão grande: as garotas de Divito — curvilíneas mas estilizadas, audaciosas, de cinturas finas, ancas generosas e tornozelos quase inexistentes — converteram-se em modelo de beleza para as mulheres e em fantasia inalcançável para os homens de toda uma geração.

A revista obteve tal êxito e popularidade que chegou a impor a moda da Buenos Aires de sua época. As mulheres queriam parecer-se com as Chicas de Divito, que frequentemente apareciam nas capas da revista. Mas também muitos homens adotavam as vestimentas de seus personagens: trajes cruzados com jaquetas muito largas e com muitos botões.

O sucesso do seu produto permitiu a Divito incluir na sua vida de homem empreendedor e talentoso outras atividades com que sempre sonhou: viajar, desfrutar da boa mesa, ouvir jazz e dirigir carros esporte.

“Rico Tipo” foi, além disso, a plataforma de lançamento de outros personagens (em alguns casos posteriormente ganhando revistas próprias) que chegaram a ter uma enorme repercussão popular, como “Fúlmine”, “Falluteli” e “Pochita Morfoni”, que —
como era comum no humor da época — traziam em seus nomes suas características físicas ou rompantes psicológicos mais salientes.

Portanto, a editora foi uma fonte de divulgação e trabalho para muitos talentos do desenho e dos quadrinhos, como Abel Ianiro (1919-1962), Adolfo Mazzone (1914-2001), Guillermo Guerrero (1923-2009), Joaquín Salvador “Quino” Lavado, Óscar “Oski” Conti (1914-1979) e Toño Gallo (1919-1986).

Os anos 1960, com o seu sopro de liberação sexual, começaram a debilitar a influência da revista. Os acontecimentos políticos no país, mesmo assim, requeriam um olhar sobre esses temas, tão alheios a Divito. O destino da publicação até o fim dessa década seria mudar o seu estilo ou desaparecer.

Guillermo Divito morreu em 1969, dirigindo o seu veículo — um carro esporte conversível Fiat de cor vermelha — e chocando-se com um caminhão numa estrada da cidade catarinense de Lages. O Brasil era um país que ele amava profundamente.

A revista que ele criou sobreviveu por apenas três anos, já que “Rico Tipo” e Divito eram um só.

Sem o seu criador, fechou-se um ciclo de 28 anos que simbolizam o esplendor dos quadrinhos argentinos daqueles tempos.

FONTES

— Museo del Dibujo y la Ilustración: www.museodeldibujo.com/obras_muestras/artistas.php?ida=34&a=Divito,-Guillermo-Antonio
— Wikipédia em espanhol: es.wikipedia.org/wiki/Divito e es.wikipedia.org/wiki/Rico_Tipo
— Blog Imagine(i)narte: dbimaginarte.blogspot.com/2012/08/guillermo-divito-las-divinas-de-divito.html


Guillermo Divito

Personagens criados por Guillermo Divito (1)


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  • zurgk
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    zurgk
    em 16/07/2017 15:01:00